O meu Outono
"O cheiro, as cores, a nostalgia ..."
Uma folha que cai levemente, esvoaçando entre as brisas calmas de horas tardias, e a côr amarela açafrão povoa o meu solo.
Quero-te bem. Quero longe. Despe o manto de gelo e envolve-te entre as folhas que povoam tristes o solo desgarrado, e que te irão esbrasear com o calor do verão passado.
Essas brisas de Outono que carregam o último suspiro do Verão, sopram cada vez mais fortes e o destino é invariavelmente trocado por raios e trovões de fim de tarde. As noites, antes calorosas, agora amenas e mais longas, deixam no ar que respiramos o cheiro de molhado em terra seca. A escuridão da noite, apavora quem nela se recolhe, e sons quebradiços libertam a adrenalina do medo.
Só uma luz branca de um relâmpago amanhece a noite escura.
Pesam os braços, os ombros, o pescoço. Os ramos são frágeis nas árvores.
O silêncio de palavras que nunca saberei escolher invadem a solidão de velhos carvalhos que se erguem no meio da floresta. A dor de ter que decidir, e saber que o Perder irá ser comum a qualquer decisão.
As folhas continuam caídas.
Amanhecem mais amarelas ainda, acastanhadas quiçá, aqui e acolá. Mas mais juntas de certeza, com o frio da noite que se fez.
O primeiro raio de sol devolve a alegria, que rapidamente se desfaz na primeira rajada de vento. Volátil é essa alegria interior, que sobrevive a cada outono que passa.
O meu outono.
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