Fábula - Continuação II
"Entre Raios e Trovões" (o querer, a busca)
A Princesa na sua terra do gelo, reinava e mantinha a sua alma afastada de outros mundos, e protegia o seu tesouro com enorme coragem. Esse tesouro, brilhante e esplendoroso continuava a ser o centro de todas as suas acções.
Vezes sem conta, a alegria que saía do seu lindo sorriso transformava esse tesouro, iluminando o castelo do gelo e acendendo o calor do seu coração.
A Princesa linda, de olhos de mel e olhar terno vivia assim.
O rapazinho que ela agora sabia que agora pertencia a outro reino, ainda fazia parte dos seus pensamentos. Alguns dias, lembrava-se e ía até à praia onde o tinha perdido e ficava lá uns momentos a desejar saber quem era, o agora Principe dos Sonhos.
Numa dessas vezes lembrou-se do pássaro-do-sol, o mesmo que a tinha avisado da catástrofe daquele dia. Lembrou-se que esse pássaro, lhe podia ajudar a saber do rapazinho que aparecera na sua terra. Resolveu então a princesa enviar uma mensagem e escreveu essa mensagem num lenço de seda que trazia consigo. Depois quando uma brisa mais forte soprou, ela ergueu no ar o lenço e largou-o. O lenço foi sendo levado pela brisa e foi cada vez mais se afastando até se perder de vista. Nesse momento a Princesa sorriu e sentiu um alivio no seu coração e com enorme alegria foi a correr para o seu castelo de gelo, ao encontro do seu tesouro.
No dia seguinte, amanhecia como se fosse ainda noite cerrada. O céu azul, encontrava-se escuro. Nuvens grossas rugiam em fortes estrondos como se fossem enormes pedras a rolar do céu abaixo. A princesa deteve-se numa janela do seu quarto e verificou que o seu reino sofria de um grande mal nesse dia. Uma escuridão moribunda abateu-se sobre a sua terra e não sabia o que estava a acontecer. Durante alguns instantes, alguns clarões provocados pelos relampejares que aconteciam, mostravam a dor que ia naquela terra. A tristeza, o horror e o medo eram sentimentos que faziam parte daquele reino naquela manhã.
A amargura da Princesa crescia à medida que o tempo passava e as nuvens negras não passavam e embora o seu castelo continuasse forte perante aquele cenário, o medo da princesa ia aumentando. Percebia também que com aquele tempo nunca iria saber de nada sobre a mensagem que tinha deixado ir. Os dias passavam e o negro dos dias, e os barulhos dos trovões não davam sinais de acalmia. Parecia novamente que outra catástrofe se apoderava daquele reino. Percebendo isso, ela tomou uma resolução. Iria enfrentar a tempestade e ia à procura da sua resposta.
Ela sabia que não podia falhar, muito menos agora.
O seu sorriso de princesa e o olhar terno transformavam-se em forças de tal forma que ninguém a ousaria enfrentar em qualquer situação que houvesse. Os seus olhos de mel, assumiam a forma de olhos de loba com instinto predador de quem se prepara para a caça.
E assim decidiu ela, ir à procura do seu Principe.
O Principe dos Sonhos, continuava também na busca da sua Princesa. Entre várias viagens, a companhia do seu companheiro de viagem, fazia-o também enfrentar o facto de estar sozinho. O seu cavalo-alado, era um fiel amigo também e sempre tinha uma palavra de conforto para dizer ou sabia sempre qual era o caminho a seguir.
Os seus sonhos continuavam a fazer parte da sua vida, e eram eles que o guiavam no seu querer. O perfume, agora nunca mais o podia esquecer, pois estava guardado na lágrima de diamente que trazia bem guardada num bolso da sua capa.