2007/02/07

convicções ...


Por estes dias tem acontecido uma série de debates, e várias campanhas a favor de uma de duas opções. O Sim ou o Não. Não sou pessoa ligada a nenhuma opção política, não me manifesto contra as razões dos outros, não faço bandeira das minhas idealogias, mas sim, vivo de acordo com as minhas Convicções e Consciência. Em suma, detesto politiquices e não fui feito para me meter em debates ou coisas parecidas.
Desta sociedade em que vivemos, custa-me ver que a falta de valores vai sendo cada vez maior, desde a pequena mentira até à egocêntricidade de cada um de nós, e por isto mesmo a capacidade que temos para nos sacrificarmos e saber ajudar o próximo é cada vez menor. Quando o problema surge, a nossa opção é resolver o problema por ali, sem pensar na origem desse problema, sendo mais uma fuga para a frente do que de facto a resolução de qualquer problema.
Das razões que o Sim avança sobre a despenalização do aborto, podendo resolver as questões "particulares" no momento, não creio que as vão resolver no futuro.
Das razões que o Não avança, concordo que estejam a ser extremamente extremistas e que para que esta situação seja decidida segundo a nossa consciência, tenho a certeza que estão a politizar demais isto tudo, sem no fundo demonstrarem um fundamento concreto. (se bem que a vida de um novo ser é bem mais importante que tudo)

O que não percebo é, imaginando que o Sim avance, que se podendo decidir a questão até às 10 semanas de gestação, porque raio é que não se faz essa decisão 10 semanas antes.
Faz-me também confusão, se o Sim tivesse ganho à 8 anos atrás, possibilitando o aborto até às 10 semanas, será que agora não estaríamos a decidir a possibilidade de despenalizar o aborto até às 15 ou 20 semanas, por exemplo. Porque com o avanço da medicina e tecnologia, se por "liberdade" da mulher se liberaliza a lei, não vejo a razão não há-de haver despenalização até às 15 semanas ou mais. Será que daqui a 8 anos iremos novamente sufragar outro referendo parecido?
O problema disto tudo, é que não existe uma sociedade em Portugal que se preocupe em arranjar melhores condições e situações para todo o tipo de familias. Não se pensa na educação, tanto escolar, sexual, comportamental ou social, nem nos preocupamos que daqui a 100 anos a nossa geração irá sofrer com as consequências dos nossos actos.

Por último. A dádiva mais preciosa que qualquer Ser tem à face da Terra é poder gerar a sua própria descendência. Considero -a qualquer coisa de milagrosa que acontece. Mas infelizmente, nós os seres humanos, potenciados por uma inteligência superior a todos os outros Seres da Terra, usamos a nossa própria inteligência para referendar sobre a possibilidade de uma Vida.

Com isto tudo, infelizmente o que está um votação são ideias políticas o que não deveria ser e são ideias reactivas em vez de proactivas, e de facto o que está em votação é a Consciência de cada um de nós ... o que nunca deveria ser.

4 comentários:

Anónimo disse...

Governo deve tomar medidas em vez de pedir ao povo a solução

Não ! - Não à legalização do aborto através da falsa bandeira (engodo) da despenalização !

A despenalização do aborto é outra forma enganadora de combater o aborto. O número de interrupções de gravidez, no mínimo, triplicará (uma vez que passa a ser legal) e o aborto clandestino continuará - porque a partir das 10 semanas continua a ser crime e porque muitas grávidas não se vão servir de uma unidade hospitalar para abortar, para não serem reconhecidas publicamente.
O governo com o referendo o que pretende é lavar um pouco as mãos e transferir para o povo a escolha de uma solução que não passa, em qualquer uma das duas opções, de efeito transitório e ineficaz.
Penso que o problema ficaria resolvido, quase a 90 %, se o governo, em vez de gastar milhões no SNS, adoptassem medidas de fundo, como estas:

1 – Eliminação da penalização em vigor (sem adopção do aborto livre) e, em substituição, introdução de medidas de dissuasão ao aborto e de incentivo à natalidade – apoio hospitalar (aconselhamentos e acompanhamento da gravidez) e incentivos financeiros. (Exemplo: 50 € - 60 € - 70€ - 80€ - 90€ - 100€ - 110€ - 120€ -130€, a receber no fim de cada um dos 9 meses de gravidez). O valor total a receber (810€) seria mais ou menos equivalente ao que o SNS prevê gastar para a execução de cada aborto. (*)

2 – Introdução de apoios a Instituições de Apoio à Grávida. Incentivos à criação de novas instituições.

3 – Introdução/incremento de políticas estruturadas de planeamento familiar e educação sexual.

4 – Aceleração do "Processo de Adopção".


(*) Se alguma mulher depois de receber estes incentivos, recorresse ao aborto clandestino, teria que devolver as importâncias entretanto recebidas (desincentivo ao aborto). [Não sei se seria conveniente estabelecer uma coima para a atitude unilateralmente tomada, quebrando o relacionamento amistoso (de confiança e de ajuda) com a unidade de saúde].

Estou para ver se os políticos vão introduzir, a curto prazo, algumas deste tipo de medidas. É que o povo, mais do que nunca, vai estar atento à evolução desta problemática.

Nelson Ivan disse...

Anonymous ... sendo este, um tema susceptível a outras sensibilidades, que tal uma uma identificação?!?!?!???

Obrigado.

Unknown disse...

retive esta: coimas por fazer aborto???? ui...as mulheres vão deixar de fazer abortos porque recebem coimas???

Na minha opinião apenas concordo com a realização do aborto mediante determinadas situações...para mim deveria ser assim. No caso que vai a referendo, concordo com a despenalização da mulher ao fazer um aborto até às 10 semanas. Não acho que uma mulher que não queira ter filhos, vai esperar até às 10 semanas para abortar...mas isto é apenas a minha opinião.

só mais uma coisinha...o governo ajuda as famílias de acolhimento (financeiramente)...porque será que não o faz às famílias antes de abandonarem as crianças? Não seriam estas que deveriam ser ajudadas?

Este problema levanta muitas questões e os dois lados têm as suas verdades e razões. Acho que será impossível haver um consenso...resta-nos optar por aquilo que poderá ser mais abrangente ou mais tolerante (como já ouvi dizer)

A questão não é sim ou não ao aborto mas sim ou não à despenalização (não confundir com liberalização)

já escrevi demasiado Nelson...sorry!

Nelson Ivan disse...

Não temas por escrever "demais". Aliás eu é que escrevi demais para os "Imagens Silenciosas" ... mas cada um tem a sua maneira de ver as coisas e cada um a sua convicção. É assim que eu vejo as coisas e é assim que tu vês do teu lado as coisas.