2007/03/29

Kevin Carter

Perdi-me nesta imagem durante longo tempo,
que o silêncio de dor me fez sentir um ser insignificante.

in http://blogs.publico.pt/artephotographica/

"O abutre espera pacientemente o momento para atacar o corpo em agonia de uma criança sudanesa. O fotógrafo, também predador, espera um momento certo para o disparo que garanta o maior dramatismo, o maior impacto à imagem.
Esperam.
Esperam ambos.
No impasse, o fotógrafo desiste, capta a espera do outro e vai-se embora."
o resto da leitura está aqui .

Kevin Carter, o fotógrafo autor desta imagem ganhou um prémio pulitzer em 1994. Nesse mesmo ano, suicidou-se porque a pergunta e depois, o que é que fizeste para ajudar a criança?” perseguia-o para onde quer que fosse.

Compreendo o Fotógrafo, não compreendo o Homem, mas aceito a Lei da Vida. Em que é que posso confiar?

(perdoem-me as sensibilidades mais "sensíveis" ao mostrar esta imagem)

4 comentários:

Noquinhas disse...

As lágrimas vieram-me aos olhos. Já conhecia essa imagem mas é impossivel não nos sensibilizarmos cada vez que a vemos.

Ainda ontem estive a ler uma reportagem na Visão sobre o darfur onde afirmam que é o primeiro genocidio do século XXI. Não consigo deixar de me perguntar o que é que todos nós estamos à espera para fazer alguma coisa. É inquietante e absurdo termos que esperar que se ultrapassem primeiro os obstáculos burocráticos para se resolver definitivamente esta situação.

Gostava de ter mais coragem para puder ajudar. Cada vez acredito mais que há quem tenha sorte na vida e depois temos aqueles que nasceram no sitio errado. :S

Jinhos

SC disse...

Essa foto é mesmo brutal. Quando a vi pela primeira vez, chorei e não consigo ficar indiferente quando a vejo.

Sempre que via documentários destes, sobre pessoas ou animais em condições extremas, perguntava-me como é que o operador de câmara aguentava ser passivo a imagens deste tipo.

Não sabia que o fotófrafo se tinha suicidado mas sei que eu não aguentaria.

Noquinhas disse...

Quando mostrei este post à minha mãe a primeira frase dela foi como é que ele conseguiu ser tão passivo.
Lembrei-me logo do meu professor de fotojornalismo que dizia que nós apenas observamos como seres passivos, jamais podendo intervir na acção.
Não acho possível isso.

Jinhos

Nelson Ivan disse...

Não sendo eu um fotojornalista, tive uma pequena experiência neste sentido quando da minha viagem pelo Atlas, passei por uma povoação. Nessa povoação estava-se a celebrar um casamento e para festejar, foram matar uma vaca. Com a minha camera, escondi-me atrás de uns arbutos e fiquei à espera e a ver o que eles faziam à vaca (sem saber de facto para que efeito, só mais tarde é que soube). Os homens levaram o animal para um descampado e puseram-se à volta dela e com uma coisa qualquer deram-lhe uma cacetada e a vaca caiu redonda. Já nessa altura fiquei um bocado constrangido com o que acabava de presenciar e fotografar. Sei que é uma situação vulgar, i.e., matar uma vaca para comer. Mas houve qualquer coisa que me fez ficar ali escondido e presenciar aquele momento.


Gosto imenso dos programas de animais, e dos programas que recordo mais foi um, sobre a sobrevivência de 2 chitas bebés depois de perderem a mãe, e no final de tudo, aparece um leão e mata-as. Foi preciso muito sangue-frio do operador para captar aquelas imagens depois de as observar por tanto tempo.

É a Lei da Vida, não é?