2007/06/09

Fábula - continuação

"O Reino dos Sonhos " (a esperança)


A onda de calor que acabava de degelar aquela terra branca e fria, amainava a cada instante que pequenas brisas geladas voltavam novamente a viajar e a sobreviver na sua terra.
A Princesa do Gelo, recuperava da sua tristeza e todos os dias procurava naquela praia, aonde aquele rapazinho tinha desaparecido, quem afinal seria ele. Um dia, na sua espera, naquela praia recordou aquele dia que o rapazinho não se salvou, e invadida por um sentimento de maior tristeza uma lágrima saíu daqueles olhos. Nesse instante, uma brisa suave mas forte de vento gélido, passou-lhe pela cara e a lágrima se transformou numa forma pura e cristalina. A lágrima caíu então no mar gelado desaparecendo tal qual as primeiras lágrimas que ela chorou naquele dia.

Num mundo estranho, o rapazinho pobre encontrava-se novamente perdido. Sem saber que aquele era o Reino dos Sonhos, vagueava sem destino e cada vez mais perdido porque não sabia aonde tinha vindo parar.
Apesar de tudo, era um local fantástico, cheio de imensas formas belas e tudo com cores lindas e fantásticas. Enormes árvores verdes, rios azuis de água límpida escorriam entre os bosques, e vários animais belos e imponentes povoavam os prados, pradarias e selvas naquele mundo. Depois reconhecia algumas dessas criaturas por já as ter visto nos seus imensos sonhos. Perguntava-se a si mesmo se as criatura eram de facto reais ou se ainda faziam parte dos sonhos que tinha tido. Mas à medida que procurava aproximar-se, elas desapareciam não deixando qualquer pista do que lhes acontecia. E assim continuava, sem resposta às suas perguntas e perdido no sitio onde estava, e a única certeza que tinha era que nunca iria esquecer o cheiro com que tinha sonhado e a Princesa que tinha encontrado.
De facto, a Princesa do Gelo continuava a merecer os seus pensamentos. Era um sentimento bastante forte que ele tivera, e indiferente do destino ele sabia que aquela princesa seria sempre a sua Princesa.
Continuava o rapazinho na sua viagem. Precisava de saber aonde estava, mas não conseguia encontrar alguém que lhe pudesse ajudar. Continuava a sentir-se num mundo estranho.
Certa altura encontrou no caminho uma encruzilhada, e nessa encruzilha, em cima de uma pedra enorme mas não muito alta, sentava-se um velho, curvado de uma forma estranha fumando um cachimbo de ervas.
O velho vestia uma túnica que lhe tapava por completo, escondendo o corpo daquela forma estranha. Por alguma razão sentia que já tinha conhecido aquele velho, possivelmente dos seus antigos sonhos.
Feliz por perceber que o velho não se escondia nem fugia dele, foi ter com ele para procurar respostas às suas perguntas. O velho tinha um ar simpático mas algo rude, a aparência idosa era contrária à robustez física e apesar de um olhar frívolo mostrava que era de enorme sabedoria.
Confiante de que obteria as suas respostas, o rapazinho dirigiu-se a ele, apresentou-se e contou a sua história. Mas para sua tristeza o velho sempre de olhar pregado no chão não o ligava e parecia que o rapazinho nem sequer existia perante ele. Da sua boca só saíam baforadas de fumo. O rapazinho resolveu então contar as suas aventuras, das suas viagens e dos seus sonhos assim como dantes contava às gentes das diferentes terras por onde viajava e parava, na esperança que algo suscitasse interesse ao velho. E foi contando as suas histórias, de como tinha sonhado com um perfume, de como se aventurou à busca do cheiro que tinha sonhado, de como chegou à terra do gelo e descobriu a Princesa do Gelo, e agora de como tinha chegado sem saber a esta terra estranha.
O silêncio do velho desanimava-o. À medida que as suas histórias iam terminando, as suas esperanças desvaneciam-se e a cada olhar para a encruzilhada fazia sentir-se ainda mais perdido. As suas forças perdiam-se.
Desesperado e cansado o rapaz adormeceu em cima da pedra aonde estava sentado o velho. Dormiu muito calmamente e logo uma sensação de leveza se apoderou dele. Uma voz rouca e pouco nítida surgiu a seu lado e logo viu o velho com o cachimbo a levantar-se e erguer-se mostrando a sua forma de homem-cavalo. O velho então começou a falar e disse-lhe que aquele lugar aonde estava era o Reino dos Sonhos e que o rapazinho era a grande esperança daquele reino. Que iria trazer mais alegria e vida, e que todos os habitantes e criaturas se tornariam seus súbditos. Disse-lhe também que a única forma de comunicação seriam os sonhos de quem conseguisse sonhar. Acrescentou o velho que quanto mais puro fossem os sonhos, eles se transformariam e o que se sonhasse seria recriado neste reino. Era a maldição daquele reino, pois havia imensas criaturas que não sabiam sonhar.
Para que o rapazinho não se sentisse desanimado, o velho tirou do seu bolso um pequeno presente e lhe ofereceu.
Assustado com a história toda, o rapazinho acordou sobressaltado e olhou para o lado e não viu o velho. Tinha desaparecido. Nesse instante apercebeu-se que acabara de sonhar, e que tudo o que o velho lhe tinha dito é verdade. Ainda mais assustado olhou para os seus pés e viu o presente que o velho lhe tinha oferecido. Era um diamante muito brilhante sem arestas nenhumas e muito liso. O brilho intenso do diamante por segundos ofuscou-o, mas depois mais concentrado reparou que tinha uma forma de lágrima e que o cheiro que ele sempre buscou fazia parte daquela lágrima. Ficou bastante feliz por perceber que aquele diamante era uma lágrima da Princesa do Gelo.
Voltou a lembrar-se do que o velho lhe contou. Onde estava era o Reino dos Sonhos e que ele seria o Principe dos Sonhos.
Mas ele nunca poderia ser principe se não tivesse uma princesa ao seu lado, e assim resolveu, com mais força e esperança ir à procura da sua Princesa do Gelo. Resolveu então dormir novamente para procurar alguma solução nos seus sonhos. Adormeceu e sonhou com um cavalo alado. O cavalo chegou perto dele e disse-lhe que o seu senhor, o velho com que ele tinha falado antes, lhe tinha enviado o seu melhor cavalo-alado para o ajudar na busca dele. E assim foi, quando acordou o rapazinho tinha ao seu lado um enorme e lindo cavalo-alado da cor mais branca que pudesse encontrar nos seus sonhos. Afagou o cavalo-alado e agradeceu a sua presença e juntos voaram de encontro às nuvens em busca da Princesa do Gelo.

2 comentários:

Anónimo disse...

lindo...
é você que escreve?
Está maravilhoso!
Parabéns!!!

Anónimo disse...

Quer ir para a cama comigo?
ahahaha oh sim carinho!!!